História do Brasil T1 - As origens (1500 - 1600)

financista; está na época em que se fazem guerras atrozes pelo comércio e monopólio das especiarias; e discerne o interesse português, na luta que naturalmente se esboça, entre o Mediterrâneo veneziano (bloqueado pelos turcos a partir de 1453) e o Atlântico, que as caravelas vão perlustrando, sempre para o sul. A África pela África não o satisfaz. Quer a África pela Índia, isto é, pelos países das especiarias, de relações mais ou menos obstruídas com a Europa depois da expansão otomana. Dispõe-se a lá chegar dobrando a África, na hipótese de se ligarem o Atlântico e o Índico. Para tanto cumpre explorar a costa sem se deter em colonizações precárias, porém num constante avanço; e enviar por terra, através das populações muçulmanas, espiões que esclarecessem a geografia do lado oposto, desde Calicut e golfo pérsico, até os domínios do Preste João e a costa oriental da África, se essa costa oriental não fosse a mesma Índia, ou a China memorada por Marco Polo. Os espias acenderiam, no fundo daquele mistério, um farol: seriam os olhos das futuras esquadras. Se houvesse passagem, do Atlântico para o Índico, Portugal venceria Veneza e iria abastecer, com as especiarias persas e hindus, as caravelas que não tinham conseguido pagar os dispêndios do Infante D. Enrique.

D. João II era político sagaz e não divinatório. Anteviu a comunicação do Atlântico com o Índico mas não adivinhou Cristovão Colombo.

Duvidou das fantasias do genovês, que andava a prometer mundos novos a quem lhe desse navios, e deixou que a unidade da concepção de D. Enrique se desvanecesse, no dia em que partiram de Palos as caravelas de Isabel e Fernando.

Depois de Aljubarrota, D. João I podia pensar em Ceuta. Depois de Granada, Fernando de Aragão podia pensar no oceano. Colombo é um discípulo obscuro

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