"da livraria de seu pai", como disse Macedo. Fartou-se de livros, ele próprio caixeiro de livraria, vivendo dos livros e para os livros.
Quem quer que pretenda compreender melhor o homem que foi sob muitos aspectos a figura primacial da época da Regência, deverá ter em vista a sua formação autodidata, as influências das leituras a que se entregou sem desfalecimento e também a sua condição de homem de cidade. Essas leituras feitas sem o critério, sem a direção que a disciplina universitária impõe, leituras que raramente podem formar uma cultura verdadeira, em homem de outro temperamento teriam determinado a aparição de um demagogo, de um agitador nesse moço filho de um livreiro, nesse rapaz de cidade sujeito a tantas influências pouco conducentes ao feitio conservador e ordeiro.
Mas Evaristo era fundamentalmente um moderado, uma natureza que aborrecia os extremos, um indivíduo fadado à posição de equilíbrio entre a conservação e o progresso, entre a tradição e a novidade. Gilberto Freyre, estudando o período da história social do Brasil que culminou na fase imperial, observou que esse período foi de equilíbrio entre a tendência coletivista e a individualista, acentuando-se nele "alguns dos traços mais sympathicos da physionomia moral do brasileiro".