Da mesma capitania dos Guaiazes, intentou o sr. Tristão da Cunha este descobrimento, para o que fez conduzir à Vila Boa alguns sertanejos e noticiosos dos Martírios, porém, conhecendo que não podiam ficar senão aquém do Rio Grande, id est. Araguaia, e por isso pertencendo a Cuiabá, desistiu da empresa. Só desta capitania se não tem feito expedição para o rumo do Norte, onde ficam as famigeradas minas dos Martírios, sendo que talvez a Providência tenha destinado este descobrimento para a época presente, em que tanto se precisa de ouro e em que temos um governo que muito se interessa pelo aumento da Real Fazenda e utilidade de seus súditos. Confiado, pois, em que não serão desprezadas as circunstâncias da tradição dos ditos Martírios, passo a narrar o que sei, por ter ouvido de meu pai, o capitão Antonio do Prado Siqueira(1)Nota do Autor, os juízos que formo a esse respeito, e, afinal, os meios econômicos com que se poderá fazer tão interessante descoberta.

O capitão Antonio Pires de Campos(2)Nota do Autor, íntimo amigo de meu pai e colega do capitão Bartholomeu Bueno da Silva, ao tempo em que por casualidade descobriram ouro nos Martírios, estranhando a temeridade de Bartholomeu, que procurava aquelas minas pelos desconhecidos sertões que medeiam entre São Paulo e os ditos Martírios, quando só deveria entrar por esta vila, então referia o acontecimento da expedição que tinham feito, pela maneira seguinte: