Parece-me que o mais difícil será achar um chefe, ou cabo-maior, como lhe chamam, e quatro menores, além de um escrivão fiel, que saibam conduzir com prudência e conservar com indústria a escolta na desesperada vida do sertão(1)Nota do Autor. Chamei desesperada, porque nele falta todo o socorro de que estão acostumados a participar nos povoados, maximé a gente bisonha, que veda caldo de feijão a enfermos purgados, carne de veado aos convalescentes, e que, finalmente, vendo sepultar-se um companheiro ao pé de uma árvore, desanima (a isso chamam amuar ou empacar), de modo que dali em diante é uma praça morta, é um inválido que acompanha a expedição, só como testemunha de vista.

O cabo deve ser experiente a respeito de minas de ouro, deve ter prudência e coragem, deve ser acautelado em todas as ocasiões(2)Nota do Autor, deve comportar-se com respeito entre os seus súditos, porém com benignidade, de sorte que o temam e juntamente o amem.

Este necessário afeto se adquire por meio de cuidado e amor para com os enfermos e feridos nos combates e dando louvor público a quem o merecer, em ordem a causar inveja ou emulação para a seguinte empresa. Longe o desprezo, longe a descompostura, assim como o escárnio da cobardia de alguns súditos, que é inteiramente inabilitá-los: em uma palavra, seguir o método do coronel Antonio Pires de Campos, que o seu maior estudo no sertão era agradar os seus súditos, como companheiros,