como nunca esteve e com nove filhas para casar, com cuja necessidade se lembrou até do que tinha visto no dito Paraipeva, pelo que ofereceu esta conquista ao sr. general da capitania de São Paulo, que logo tomou à mão a empresa, e, dando-lhe todo o socorro, também o fez capitão-mor e guarda-mor general de seu descoberto.
Marchou o referido Bueno animado deste calor; mas, como já nesse tempo estava descoberto este Cuiabá, e era o caminho por onde ele devia de entrar, como da primeira vez tinha feito, temeu, pela distância que faz de São Paulo até Cuiabá, se desanimassem os soldados e desertassem para o Cuiabá, e procurou rumo diferente, dando grande volta pelos sertões de Goiás; e como havia bastantes anos e já estava alguma cousa esquecida, ainda tomando a referida volta, não pôde, no decurso de três anos, topar com a paragem, ou, por melhor dizer, não foi Deus servido. Nesta diligência, fez experiência no ribeirão de Goiás, achou e descobriu aquelas minas que hoje existem. E como já se achava muito velho, só cuidava em instar com várias pessoas que procurassem a dita paragem. E, com efeito, animou‑se o coronel Amaro Leite a meter-se no sertão com 300 homens; mas, como era à entrada de Goiás e sempre o rumo foi diferente, apenas pôde chegar onde hoje é lugar dos Araés, e me persuado que o mesmo há de acontecer às expedições que proximamente me dizem faz o sr. general de Goiás. O certo para se entrar a descobrir o dito Paraipeva, como diziam o dito capitão-mor reg. Bartholomeu Bueno e o coronel Antonio Pires, é entrar desde Cuiabá, procurando levar rumo entre norte e poente, levando o sertão dos Boccahysis à direita e passar pelo sertão dos Aguites, e, marchando rumo direito, procurar o gentio chamado Membiriára, de língua geral, com quem eu já tive fala, tendo também visto parte dessa campanha, que é isto muito suficiente