garantia de juros não inferior a 4%, além de outras vantagens, às empresas ferroviárias. Chegara a seu fim a política do laisser faire e os financistas de Londres passaram a reclamar, pelo menos para o caso brasileiro, uma garantia de juros de 5%.
Sem desanimar, expôs o Dr. Cochrane ao Governo Imperial os novos obstáculos. Mas, ao que parece, tudo corria com extraordinária lentidão, naquele tempo, como ainda hoje, até mesmo iniciativas como essa, de tão vital importância para o país. É bem verdade que a descrença de muitos prosseguia. O próprio BERNARDO PEREIRA DE VASCONCELLOS, um dos signatários do Projeto de Lei de 1835, teria dito, em 1849, a zombar das ideias do Dr. Cochrane: "Construam; os trens carregarão no primeiro dia do mês tudo que há no interior para transportar e ficarão ociosos por 29 dias"(19) Nota do Autor; e HONÓRIO HERMETO CARNEIRO LEÃO chegou a assim falar aos habitantes de Vassouras: "Caísse do céu, prontinha, a estrada que vocês desejam, e a renda não chegaria para conservá-la e custeá-la"(20) Nota do Autor.
Foi somente no Ministério conservador, presidido por José da Costa Carvalho, futuro Marquês de Monte Alegre (1848-52), "um dos mais prestantes cidadãos do Império, cuja memória honram quantos prezam o civismo e a virtude" (conforme as palavras do Dr. Cochrane), que o assunto ficou resolvido. "Sentindo a necessidade de dotar o país com uma via férrea", reconheceu (o Presidente do Conselho) que, em concorrência com países mais adiantados, devia o Brasil, para chamar o capital estrangeiro, oferecer-lhe maiores vantagens"(21) Nota do Autor.
Compasso de espera
Teve início, então, a fase final do verdadeiro drama em que o Dr. Cochrane vinha representando o principal papel.
Em dois de janeiro de 1849, o Conselho de Estado, com anuência do Imperador, revalidou o privilégio concedido em 1840, com a garantia de juros de 5%, a isenção de direitos de importação para as máquinas e outras vantagens, ad referendum da Câmara dos Deputados, dissolvida no ano anterior.