A Assembleia do Império, tendo concordado com novo pedido de urgência para o debate da questão das estradas de ferro, aprovou em primeira discussão, por voto quase unânime, os termos da decisão do Conselho de Estado, de dois de janeiro de 1849. Tudo indicava que o Dr. Cochrane iria conseguir, sem mais tropeços, o que desejava para consumação de seu projeto. Todavia, neste exato momento, chegaram à Corte os principais e mais ricos agricultores da cidade de Vassouras, que vinham pleitear a inclusão de seu município no trajeto da futura via férrea para São Paulo e, talvez - como admitiu o Dr. Cochrane, "traspassar a missão de realizar obras de tanto vulto, do obscuro estrangeiro a cidadãos brasileiros, respeitáveis por sua posição e riqueza". De qualquer forma, "muda de repente o ânimo da Câmara e surge a ideia de uma medida geral a respeito da estrada de ferro"(26) Nota do Autor.
Existiriam, realmente, intenções ocultas nessa retomada de posição, por parte da Assembleia, após a chegada ao Rio de Janeiro daqueles "distintos cavalheiros" vassourenses?
Assim responde o Dr. Cochrane a essa pergunta:
"Houve quem entrevisse nessa mudança uma intenção de ilidir o privilégio que me fora concedido. A fé e respeito, que me inspirava o Governo brasileiro, não deixaram que semelhante suspeita entrasse em meu espírito. Entretanto, os acontecimentos posteriores trouxeram-me uma decepção."
Em consequência, foi rejeitado o novo contrato com o Dr. Thomas Cochrane, ficando seu privilégio caduco, a partir de 26 de agosto de 1851, ao mesmo tempo que a Assembleia do Império passava a discutir um Projeto de Lei de caráter geral.
Nem por isso esmoreceu o entusiasmo do lutador. Em outubro de 1851, seguiu para Londres o Dr. Cochrane e, lá, com o apoio financeiro da firma Freeland Kerr Colings & Cia., conseguiu organizar um grupo de capitalistas, sob a presidência de Thomas Hope e constituído "de cavalheiros eminentes pela fortuna e caráter", de tudo informando o Ministro Sérgio Teixeira de Macedo, nosso representante na capital britânica.