Verdadeiro arrabalde de São Vicente, desdobrou-se e tornou-se com os anos o mais importante porto do Brasil. E São Vicente é hoje o seu lindo arrabalde do extremo sul, dessa praia larga, de areias brancas e cintilantes, orlada de vivendas maravilhosas. A distância que separava as duas vilas se enxadrezou de ruas e avenidas para formar a grande e moderna cidade de Santos.
Os outeiros que salpicavam a ilha, arrasados com o tempo, formaram o nível da cidade. O canal, solidificado nas margens, tem hoje - nessa mesma face norte - grande parte de sua extensão transformada em cais. Somente o Monte Serrate ali está - como sentinela vigilante do passado. Escoadouro de todos os produtos do planalto piratiningano e da fértil e rica parte central do Brasil, Santos sempre foi recanto de poesia e de atividade. Poesia da maravilhosa natureza que a rodeia, nessa ilha recortada de canais e ribeirões por entre matas negras e morros pinturescos. Ilha que, avistada da Serra Paranapiacaba, parece parque descomunal, de canteiros amplos, floridos e caprichosos, com florestas pretas, canaviais alegres - em verde-gaio espelhante ao sol, bananais tranquilos, culturas de coloridos caraterísticos, de tonalidades vivas e às vezes berrantes, com surpresas e encantamentos que somente a genialização de jardineiro fantástico conceberia. A cidade, de atividade febril, na importação e exportação colossais de São Paulo, parece fugir da vegetação exuberante e avassaladora, até a linha do mar a leste e do espraiado canal ao norte - que com traço esbranquiçado divide a cor. Debruçada sobre as águas azuis dessa fímbria da ilha, Santos – com o seu casario branco - assemelha um ninho de garça adormecido na verdura.