duas chancelarias, cujos pontos de vista sempre acabavam por harmonizar-se, como aconteceu nitidamente no Congresso de Berlim. Essa situação de cordialidade russo-alemã começou a modificar-se rapidamente a partir da última década do século passado. A causa de semelhante alteração do ambiente em que se processavam as relações das duas potências não foi de modo algum a retirada de Bismarck da chancelaria. Guilherme II, cuja influência passou a ser decisiva nos anos que se seguiram à demissão do grande chanceler, era profundamente russófilo e não professava com menos ardor que o seu mestre a fé na ideia da liga dos três imperadores, que a seu ver constituía a base de uma defesa da ordem conservadora, que tinha por expoentes máximos os Hohenzollern, os Habsburg e os Romanov. Exclusivamente econômicas foram as origens do dissídio russo-alemão.
Sob a inspiração do conde do Witte a Rússia, a partir dos últimos anos do reinado de Alexandre III, lançou- se na execução de um grande plano financeiro-econômico, cujos efeitos se fizeram sentir por forma decisiva e de enorme alcance tanto no desenvolvimento da sua política interna, como nas suas relações internacionais. Witte concebeu a ideia da conversão monetária estabelecendo o padrão ouro e promovendo ao mesmo tempo, como corolário dessa política, a importação acelerada de vasta massa de capitais estrangeiros, destinados principalmente a propelir o surto das indústrias mecanofatureiras. Esse afluxo de capitais à