O Brasil na crise atual

pequena. Mas o tom geral da opinião pública implicitamente se conformava com a ideia da revolução armada, tão enraizado se achava em todas as camadas sociais o sentimento de que as cousas não podiam continuar por muito mais tempo no rumo pelo qual todos acreditavam o país iria acabar desastrosamente.

A verdade objetiva do quadro aí esboçado dificilmente poderá ser contestada ou sequer discutida. Entretanto, o analista da atual crise brasileira deve encarar como parte preliminar do seu inquérito o exame do valor intrínseco da atitude assumida pela maioria dos brasileiros ao tempo em que a revolução sobreveio, avançando, por assim dizer, ao encontro do que parecia uma aspiração nacional. O estudo das questões que se encadeiam em torno desse ponto não oferece apenas o interesse de uma contribuição para a futura história dos dias atuais. Por meio dele conseguiremos chegar à interpretação do que há de mais essencial nos acontecimentos dos últimos quatro anos.

O descontentamento que pouco a pouco se generalizou contra a primeira República e sobretudo contra os seus homens representativos impressiona logo pela desproporção entre o seu vulto e intensidade e os aspectos da situação real do país, revelados através do exame desapaixonado de elementos positivos, inclusive dos dados estatísticos concernentes à evolução da sua economia durante os quatro decênios do regime decaído. Quem auscultasse o sentimento público nos anos que precederam o colapso da antiga ordem política, teria a impressão

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