ainda assim de modo bastante considerável. Se é verdade que a educação popular não se estendera por forma a reduzir apreciavelmente a percentagem esmagadora dos analfabetos, a cultura da classe superior da população passou durante o período da primeira República a apresentar uma fisionomia nova, despertando tendências de natureza muito mais consentânea com os interesses vitais da nacionalidade. O Império continuando as tradições culturais formadas em torno da mentalidade estreita que a famosa universidade metropolitana entretinha na elite portuguesa imprimiu aos nossos métodos educativos o cunho de um belleletrismo superficial, que nos viciou lamentavelmente ao ponto de criar uma confusão perturbadora entre autênticos valores intelectuais e meras expressões de vazio verbalismo retórico. Somente na penúltima década do regime imperial encontra-se no sector cultural uma iniciativa inspirada pela preocupação de dar à obra educativa um sentido ditado pelo pensamento de harmonizar a cultura nacional com os problemas que o país tinha a resolver. A transformação da antiga Escola Central em Escola Politécnica, devida à clarividência do primeiro Rio Branco, foi esse gesto reformador que marca na história da nossa cultura o primeiro passo para a emancipação da inteligência brasileira do círculo acanhado e opressivo de um literatismo estéril e de um teorismo prematuro e através do qual se refletia o prurido de uma ligeira cultura livresca e não