Quem estuda a história política do Brasil, é forçado a reconhecer um fato capital que, entretanto, somente agora acaba de ser definido em linhas precisas e lapidares por Gilberto Freyre no seu grande livro Casa Grande & Senzala. (1)Nota do Autor Assinala o sociólogo pernambucano a coexistência na formação nacional de duas correntes, representativa uma do espírito nomádico, aventureiro e mercantil, cuja mobilidade expande o domínio por um vasto território, enquanto a outra se identifica com o sentimento de sedentariedade e enraíza a nação no solo por meio da organização agrícola que tem as suas colunas mestras na casa do fazendeiro e na caserna servil, que ao lado dela completa com o trabalho escravo o sistema de economia estável do país. Observa ainda Gilberto Freyre o predomínio da segunda daquelas forças formativas nas regiões nordestinas particularmente propícias à cultura da cana-de-açúcar, ao passo que na zona meridional e particularmente em São Paulo parece ter sido absoluta a ascendência da corrente caracterizada pela mobilidade. Acreditamos que nesse aspecto da nossa formação histórica temos a chave interpretativa do declínio da capacidade política dos dirigentes do Brasil no último meio século, bem como do surto econômico que é o traço desse mesmo período.
Seguindo a sagaz observação de Gilberto Freyre e