O Brasil na crise atual

de desigualdade do valor dos grupos em apreço. Trata-se de um caso característico da necessidade da especialização das funções na sociedade. As formas de psiquismo em que perduram a vibratilidade e a audácia empreendedora dos elementos nomádicos da humanidade são as únicas capazes de plasmar o progresso através da ação intelectual na pesquisa do conhecimento, das invenções e das aplicações práticas da ciência no desenvolvimento de novas formas de produção e de realizar enfim pelo progresso econômico condições mais adiantadas de civilização e de cultura. Por outro lado o sedentário apegado ao solo pelo trabalho agrícola, menos imaginativo, sem ser espicaçado pela curiosidade, que é a expressão intelectual do nomadismo, incapaz das realizações audaciosas que fazem avançar o mundo, tem como compensação uma solidez de caráter, que imprime à sua energia a fisionomia peculiar de uma capacidade mais apta a resistir que a avançar. Neste último círculo de aptidões é que têm as suas raízes as qualidades mentais de inteligência e de temperamento do político.

As fases áureas do Estado em todos os tempos e em todos os países têm sido sempre as épocas de predomínio político dos elementos sedentários recrutados na classe agrícola. O caso brasileiro foi mais uma confirmação, aliás supérflua, do fato inúmeras vezes verificado pela experiência histórica. Enquanto a riqueza nacional foi preponderantemente representada pela lavoura da cana-de-açúcar, que tinha a sua área principal

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