ocorre na Inglaterra e até certo ponto em França e em países de tipo especialíssimo como a Suíça, nunca foi, não é e não será certamente realizável por um século pelo menos no Brasil.
O que se tem qualificado de desvirtuamento das instituições, no Império a queixa contra o poder pessoal do soberano e na República o clamor contra a corrupção da democracia e a defraudação dos pleitos eleitorais, não passa de resultado inevitável da desarmonia entre uma organização política fictícia e a realidade social, que resiste tenazmente às formas artificiais que lhe querem impor. Não são as instituições que se corrompem pela ação maléfica dos homens. É o meio que reage e acaba vencendo os esforços dos que insistem em sobrepor teorias e doutrinas aos fatos. Não há exemplo de um único país cujo equilíbrio político haja sido alcançado por formas de governo implantadas nele sob a influência de preocupações apriorísticas. As instituições políticas cujo êxito histórico se verifica, são as que representam apenas a sistematização legal de uma realidade preexistente no organismo social. O único caso de uma grande nação que importou formas institucionais exóticas com resultados satisfatórios é o do Japão moderno. Mas os autores da grande revolução nipônica do século XIX tiveram o cuidado de estudar profundamente os modelos estrangeiros, para descobrirem qual deles se prestava a uma adaptação às condições atuais e à formação histórica do império