O Brasil na crise atual

que ao tempo nada tinha de popular. O movimento de que resultou a antecipada proclamação da maioridade de Pedro II processou-se na esfera parlamentar e política com o apoio da tropa. O 15 de novembro foi um levante exclusivamente militar, a que o povo assistiu na atitude em que costumava comparecer às paradas e na frase lapidar de um dos mais entusiásticos protagonistas civis do acontecimento: “bestializado”. Diferente não foi o que se passou em relação aos episódios menores do mesmo gênero. Em outubro de 1930 o povo, se não tomou parte na insurreição, saiu cedo de casa com indumentária simbólica para acompanhar a procissão militar. Fez mais. Colaborou com os revolucionários autênticos no incêndio dos jornais governistas e depois de estar tudo acabado foi vaiar o sr. Washington Luis a caminho do Forte de Copacabana. Nenhum observador do nosso meio social poderia exigir maior contribuição das massas populares, como expressão da sua solidariedade cívica com a revolução triunfante.

Teria sido possível aproveitar essas primícias de atividade política em estado nascente para criar uma opinião pública que, na atmosfera propícia de uma crise revolucionária, poderia rapidamente atingir proporções imprevisíveis na sua capacidade de formar ambiência para grandes reformas nacionais. Mas as massas são essencialmente inertes; sem a voz de comando elas se deixam ficar onde estão e continuam no mesmo equilíbrio em que sempre estiveram. O comando das multidões

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