O Brasil na crise atual

objetivos. A própria independência realizada sob o estímulo do movimento de emancipação nacional que irradiava pelo continente não teve diretrizes seguras e definidas. Ao desejo da separação da metrópole, misturava-se uma simpatia lírica por D. João VI atribulado pela demagogia das Cortes de Lisboa. Não obstante os esforços dos reconstrutores tendenciosos da história do 15 de novembro, parece indiscutível que os próceres da grande quartelada vitoriosa levaram muitas horas a ruminar em uma hesitação hamletiana entre o passo decisivo para a República e uma simples ditadura militar sob a égide do imperante decrépito. Relativamente a esses episódios, os homens de 1930 se achavam em posição de incontestável superioridade. Um alvo certo e definido tinham pelo menos: impedir que o sr. Julio Prestes fosse à presidência da República e mudar sumariamente a turma de oligarcas que governava o país.

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Revolução de quadros e não revolução de estrutura no seu ímpeto originário, o movimento outubrista poderia ter realizado o seu objetivo, sem perturbar a vida nacional com uma crise, cujo mal tem consistido em tornar-se crônica, quando o traço necessário às crises para que elas sejam salutares é a rapidez da sua duração. Mas a revolução de 1930 não podia restringir-se

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