O Brasil na crise atual

Entre as superstições modernas, uma das mais expressivas da tendência a generalizações e ao descaso pelos aspectos particulares da realidade, tão característica do pensamento dos dois séculos que precederam o atual, é sem dúvida a crença em que determinadas formas de governo deveriam desaparecer, enquanto outras ofereceriam o único modelo aceitável aos povos de cultura adiantada. Sob esse ponto de vista, o ocidente moderno distinguiu-se de todas as outras épocas, quando a coexistência no mundo de instituições políticas profundamente diferentes era encarada como fato natural e decorrente das diferenças visíveis nas condições e no temperamento coletivo dos vários povos politicamente organizados. A atitude de que só se destacaram no século XIX os pensadores políticos mais independentes e corajosos deu como resultado uma preocupação de forçar as diferentes coletividades nacionais a viver dentro das configurações delimitadas por um teorismo político aprioristicamente deduzido do dogma moderno da igualdade dos homens e da necessária obliteração gradual dos traços separativos entre eles. Tanto no período antigo, como na época medieval e ainda nos

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