O Brasil na crise atual

da história futura, o quadro de uma federação na qual coexistam estados como Sergipe, Espírito Santo e Santa Catarina, ao lado de outros mais ou menos igualmente desenvolvidos e tendo a extensão territorial de Mato Grosso e do Amazonas. Quando se considera as facilidades que a civilização contemporânea proporciona ao rápido progresso de regiões dotadas de elementos naturais de riqueza, pode-se compreender que a perspectiva aqui esboçada não precisa de muitas e muitas dezenas de armas para tornar-se uma realidade inquietadora.

A solução do problema brasileiro parece, pois, impossível fora de uma configuração em que a unidade nacional se apóie nos municípios. Destes é que deve emanar a vida cívica da nação e sobre eles tem de alicerçar-se a estrutura de uma organização política e de um sistema representativo, que possam exprimir, através de um aparelho federal politicamente unificado, a soberania brasileira. A província, necessidade imposta pela fatalidade de condições irremovíveis e pela própria pressão de fatores econômicos cuja atuação se irá acentuando cada vez mais, tem de sobreviver como simples estrutura administrativa. Questões econômicas e sentido político do desenvolvimento nacional polarizam-se, no caso brasileiro, como forças respectivamente orientadas na direção do desmembramento e da unidade. A província é o fator histórico de separação; o município o instrumento unificador, o núcleo onde se tem de elaborar a consciência homogênea da nacionalidade.

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