O Brasil na crise atual

de um espírito brasileiro que elaborou tenazmente a independência e sobrepôs-se na ocasião desta aos particularismos provinciais, permitindo que nos separássemos da metrópole, incorporando no império nascente todos os territórios portugueses da América.

O tipo de organização adotado em 1824 e mantido nas Constituições de 1891 e 1934 apresenta, além do vício essencial decorrente do seu antagonismo ao sentido histórico da formação nacional, um perigo que no futuro tornará dificílima a manutenção da unidade nacional, se antes disso não tivermos retomado o curso normal da nossa evolução política. A segunda República, como o fizera a primeira seguindo o exemplo do Império, conservou as divisões territoriais do período colonial. A desproporção entre as áreas dos estados não nos causou ainda surpresas e dificuldades, porque exatamente as unidades federativas mais extensas são quase todas as mais atrasadas e, portanto, as menos capazes de tornarem-se desde já núcleos de sentimentos particularistas em proporção incompatível com o equilíbrio da nacionalidade. Mas no dia em que Mato Grosso, Goiás, o Pará e o Amazonas tiverem uma população de densidade considerável e o seu adiantamento econômico houver criado ali as condições sociais e políticas para o surto de um particularismo regionalista análogo ao que hoje se observa em alguns estados, será provavelmente um problema de solução dificílima manter unida uma nacionalidade em situação de equilíbrio tão instável. Realmente é um tema fascinante para previsões

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