ao seu serviço as forças naturais era obedecer às leis em que se exprimiam as relações fenomenais verificadas pela análise da realidade objetiva. Mas existe no espírito humano uma inclinação irresistível à criação dos ídolos. E a regra formulada pelo pensador inglês, que tanto se empenhara em precaver os seus semelhantes contra os perigos de todas as formas de idolatria, acabou tornando-se para a grande massa o dogma de um novo culto e o alimento de uma nova superstição. Bacon definira um conceito metodológico, que três séculos de adiantamento da ciência têm amplamente justificado. Entretanto, o êxito impressionante das diretrizes fixadas para a pesquisa do conhecimento positivo veio formando no psiquismo do homem moderno uma espécie de misticismo da natureza a que ele foi transferindo as prerrogativas dos deuses de que se emancipara, até entronizar as causas da dramatização fenomenal, atribuindo-lhes uma realeza virtual do universo em que as existências transitoriamente individualizadas não passavam de manifestações efêmeras de uma realidade fundamental, cujas características essenciais tinham fatalmente de traduzir-se em determinados fenômenos.
Assim a revolução filosófica do princípio do século XVII veio a ser o ponto de partida de uma reação contra o humanismo, que se esboçara na corrente nominalista do escolasticismo medieval e se afirmara triunfalmente em todas as expressões da atividade humana no período renascentista. O pensamento baconiano