espírito popular, como até na mentalidade de muitos pensadores políticos esclarecidos. Longe de ter conseguido prosseguir no seu desenvolvimento histórico, melhorando cada vez mais as condições da ambiência social e criando harmonia crescente entre o funcionamento da maquinaria do Estado e a vontade geral, sem ter de recorrer aos métodos revolucionários, a Inglaterra realizou exatamente por esses métodos todos os progressos, que a foram deslocando de uma para outra etapa da sua evolução nacional. O engano na interpretação dessa evolução decorre de uma circunstância particular inerente às condições especiais da etnia britânica. Como veremos em outro capítulo, a essência do processo revolucionário independe dos meios materiais da sua realização. As circunstâncias em que se desenvolveu a sociedade inglesa imprimiram-lhe atributos peculiares, desenvolvendo nela aptidões cívicas que debalde se procuraria encontrar em qualquer outra nacionalidade.
O caráter sanguinário e mesmo selvagem tão frequentemente encontrado nas revoluções decorre não tanto da inferioridade intrínseca da mentalidade política das populações em apreço, como da fraqueza dos elementos civis e trabalhadores relativamente ao grupo que monopoliza a força militar. Sempre que o ultimo é preponderante torna-se extremamente difícil e improvável a realização de qualquer progresso social ou político de natureza profunda e ampla, sem que a revolução determinante desse progresso envolva luta violenta