com derramamento de sangue e destruição de riqueza acumulada. Pode-se assim dizer que um país terá revoluções tanto mais violentas e destrutivas, quanto maior for o seu grau de militarização; e inversamente as nações predominantemente civis conseguem efetivar mutações históricas com o mínimo de luta marcial e de perda de substância. Este é exatamente o caso da Inglaterra que, se tem conseguido realizar várias revoluções pacíficas sem ter necessidade de apelar para os métodos da ação militar desde o século XVII, deve-o exclusivamente ao fato da preponderância esmagadora das forças da sociedade civil diante de uma organização militar de exíguas proporções. Não é por uma propriedade específica do sistema representativo que a opinião pública se tornou efetivamente a única autoridade política não somente na Inglaterra, como em todas as nações da Commonwealth Britânica e também nos Estados Unidos. A razão dessa supremacia consiste no fato de que realmente não há força material naqueles países capaz de opor-se vitoriosamente à vontade geral. A manifestação verdadeiramente impressionante do gênio político anglo-saxônico não foi a invenção do sistema representativo e parlamentar. Foi compreender desde a grande revolução contra os Stuarts, no século XVII, que todas as garantias das liberdades públicas são precárias em um país militarizado. Não consentindo nunca que se formasse uma força militar de grandes proporções e deixando a defesa nacional confiada principalmente a milícias cívicas