Da leitura dos papéis que figuram no Arquivo Mitre de Buenos Aires, e no de La Nación de Montevidéu, vemos que Lamas, atuando como agente do governo uruguaio na corte de Pedro II, foi um dos poucos políticos platenses que se manteve fiel aos compromissos assumidos com Mauá. Enquanto Herrera (e principalmente Herrera), e outros, encaram com desconfiança a intervenção brasileira contra Rosas, procurando, de uma maneira ou de outra, trair os compromissos assumidos e ressalvar os interesses do Uruguai, Lamas é menos nacionalista, mais diplomata e mais fiel aos compromissos firmados, como tão bem se depreende da leitura de sua correspondência com Herrera. O tom deste é sempre um pouco irônico, ainda que algumas vezes se deixe levar pelo entusiasmo que enche Montevidéu: "nadie más piensa que en Brasil. Hoy es la estrella polar para todos". E quando Lamas obtém finalmente o apoio financeiro de Mauá, confessa-lhe: "Ha hecho Vd. una hombrada en el contrato con Evangelista de Sousa. Apesar de la verdadera necesidad que tenemos de dinero, y del derecho que, creo, nos asiste para que se nos acuerde, no tenia esperanza de conseguirlo".
Vê-se que Herrera sabe perfeitamente o papel que lhe reservou a história nos acontecimentos de sua pátria. Sabe que os homens de seu tempo estão escrevendo o passado de uma nação que quer surgir desembaraçada dos laços que a prendem ao outro lado do Prata. Exagera, com romanticismo, com lirismo quase, o cerco da "Troia americana". Carteia-se com Thiers, Dumas, Lord Palmerston, John Le Long, Eugenio Garzon, e outras grandes personalidades de seu tempo. É o teórico da praça sitiada, e quando vence é com orgulho que diz a Lamas: "tudo isto foi obra minha..."
Aos brasileiros, ele encara como "um mal necessário"... Embora não lhe reste outra perspectiva para