Correspondência política de Mauá no Rio da Prata (1850-1885)

vencer a Confederação Argentina; embora não exista outra saída para derrubar Rosas, Herrera trata de aceitar a intervenção brasileira, mas sempre cioso da liberdade do pequeno Estado, sempre preocupado em se libertar da "nova tutela"... É sem dúvida mais nacionalista que os outros; está imbuído dos princípios libertários, e embora se apoie no Brasil, trata com desprezo e ironia a "los brasileños"...

Lamas, que como diplomata se acostumara quase a querer a la manera brasileña, era um diplomata, mas sofria o mesmo sol, as mesmas febres em que se debatiam os habitantes da cidade do Rio de Janeiro naqueles anos. Admirou de perto a terra grande e generosa, sofreu as durezas do clima, frequentou sua corte escravagista, intelectualizada e tradicionalista; foi partícipe de muitos de seus dramas nacionais e quis a Mauá sinceramente com admiração e respeito.

Admirou nele seu espírito de iniciativa, seu sentido de progresso e, principalmente, seu caráter extranacional. Ambos possuíam, por circunstâncias diversas, as qualidades que fazem de certos homens "personalidades do mundo", como os judeus da época moderna. E participou de muitos dos sonhos do banqueiro, entusiasmando-se com seus planos, e, pouco a pouco, as relações entre os dois perdem o tom diplomático e de certa desconfiança das primeiras cartas, para ganhar o da simpatia e da amizade que dura até o fim de seus dias. Durante mais de 30 anos se corresponderam assiduamente; há entre eles cartas trocadas desde Londres, Rio, Montevidéu, Buenos Aires, e outras cidades. Firma às vezes o comerciante Ireneo Evangelista de Sousa; mais tarde o Barão, e depois o Visconde de Mauá, à proporção que os anos vão correndo, mas a tinta é sempre a mesma — agradável, entusiástica e firme.

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