Tobias Barreto: a época e o homem. (em apêndice o Discurso em mangas de camisa com as notas e adições)

seriam então solicitados, à falta das diversões exteriores que hoje quase monopolizam as horas de lazer da mocidade - banhos de mar, cinemas, esportes, intensidade da vida urbana - por preocupações intelectuais mais constantes, ou não sei se direi, diferentes, pelo culto mais afervorado das idealidades, da poesia, do canto, da arte dramática. Em suma, também é possível que, no passado, houvesse menos estudantes pobres e que, em geral, filhos da aristocracia territorial ou de abastados comerciantes, pudessem fazer do curso acadêmico o curso nimbado pela auréola das audácias boêmias, literárias e amorosas.

Do meio acadêmico emergiam, portanto, como pontos aglutinantes de preferências e simpatias, os dois vates. A rivalidade que entre ambos se estabelece concretiza-se na liderança que cada qual assume dos dois partidos teatrais que se batiam por Eugênia Câmara e Adelaide do Amaral. Certa noite, no teatro, Tobias ergueu-se e improvisou uma poesia em honra de Adelaide, na qual, entre recordações da Grécia, alvejava a conduta fácil de Eugênia:

"Sou grego pequeno e forte

Da força do coração,

Vi de Sócrates a morte,

E conversei com Platão;

Sou grego; gosto das flores,

Dos perfumes, dos rumores;

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