Tobias Barreto: a época e o homem. (em apêndice o Discurso em mangas de camisa com as notas e adições)

Falhando estes elementos, desajudado do auxílio que, como compromisso de honra, lhe fora assegurado, com encargos crescentes de família, sua situação material tornou-se dia a dia mais difícil. Orgulhoso, desabusado, extremamente suscetível, exercendo sobre o pequeno meio eivado de prejuízos uma atuação antipática porque consistia em corrigir, em censurar com estardalhaço, em mostrar-se superior e agressivo, Tobias acabou incompatibilizando-se com todo mundo, com correligionários, adversários, colegas e juízes. Atribuiu-se uma missão reformadora, e do alto dela, "num tempo em que os hábitos da escravidão nos tinham ensinado a só dizer as coisas por meias palavras e com o devido respeito", segundo a observação tão justa de Phaelante, criticou em voz alta, desde as altas personalidades da Corte até os simples mandões locais e os barões encalacrados da Escada, sem esquecer o bom do vigário Simão nem seu vizinho, o alferes Mota Coelho.

Durante uma legislatura, o partido liberal ainda o enviou à assembleia provincial. Antes de terminar o mandato, já se excluíra da reeleição pelas críticas ao presidente da província, candidatando-se avulso, no novo pleito, com uma breve circular, em que só prometia não ser jamais uma ovelha do rebanho. Precisamente, a incapacidade de adaptar-se, apagando-se, é que abre entre ele e o pequeno meio o conflito ora latente, ora formal, em que se consomem

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