seus dez anos de Escada. Firmara-se entre os correligionários a reputação de difícil, de incômodo. Os "espíritos calmos, de pisadas macias e movimentos calculados" haveriam de confidenciar-se, advertia o próprio Tobias: "O homem é realmente um doido!"
De fato, numa sociedade de vida eminentemente privada, em que as relações familiares e pessoais, a camaradagem, substituíam os padrões públicos de apreciação de ideias e valores, Tobias fazia o espalha brasas que nenhum partido, nenhuma capela comportariam. Que demônio o induzira, por exemplo, a trazer Escada de canto chorado, impondo-se uma tarefa crítica heroica pelos sacrifícios que terá custado, com a pequena coorte dos jornaizinhos petulantes e atrevidos que ele escrevia e um sobrinho compunha, na pequena tipografia de sua propriedade? Em Escada, não havia ágora ou fórum. Debates e divergências travavam-se e resolviam-se dentro do círculo das relações e compromissos pessoais. Ele subvertia esta ética trazendo para as colunas dos seus periódicos, para a luz meridiana, as questões e desacordos. Queria apelar para uma instância mais alta, a da opinião, que, de fato, não funcionava.
Subia deste modo, com aquela pobre prensa e aquela meia dúzia de caixas de tipos, às proporções de homem positivamente perigoso. A rigor, usava armas proibidas, senão pela lei, mas pelos costumes