Tobias Barreto: a época e o homem. (em apêndice o Discurso em mangas de camisa com as notas e adições)

da cidade quieta, patriarcal, respeitadora. À semelhança do tavão socrático, fustigava-a e incitava-a a abandonar seu conformismo. Para irritar o burguês com uma nota mais ostensiva de superioridade, abria frequentemente seu luminoso leque de pavão - o germanismo. Um dos periódicos redige-o mesmo em alemão, o Deutscher Kampfer. Era um luxo, uma extravagância. Mas era igualmente uma maneira de reagir, de não se deixar absorver. Aliás, não se limitou Tobias a fazer política ou a tratar de questiúnculas locais. Em Escada escreveu os Ensaios e Estudos. Os Estudos Alemães ali saíram primeiro em forma de revista. Sobre a estreiteza do meio, conservou ativo o interesse pela cultura. É ainda em Escada que publica o trabalho sobre o fundamento do direito de punir. A um dos jornaizinhos, O Martelo, imprimiu feição puramente literária.

Ao evocá-lo nesse feudo da açucarocracia, como ele a denominou, a um só tempo ajustando contas com o mexerico e a política locais, pensando nos problemas do mundo que se renovava, iluminando os autos forenses com novas concepções do direito penal e ardendo no fogo de desvairada paixão, dir-se-ia que ainda chegam quentes até nós as chamas de sua vida.

Vida ardente e atormentada, sobre a qual, no mesmo instante em que recaía o desespero das dificuldades materiais, desciam, envoltos na gravidade

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