a espalhar que se apresentaria armado, de punhal, para dar uma lição ao magistrado. No dia marcado, apareceu, em plena audiência, com uma saliência suspeita na altura da cava do colete. Dada sua fama de maluco, o juiz não teve dúvidas: intimou-o a depor a arma, pois, caso contrário, mandaria lavrar o termo de resistência. Então, Tobias, abrindo com calculado vagar o paletó, sacou de dentro uma formidável banana de São Tomé, dizendo: Tome, Sr. Juiz!
Este humor prodigioso e irreprimível, que o impelia a não considerar conveniências, formalismos e respeitabilidades numa sociedade ciosa de aparências, que tinha a sombra das senzalas para se sujar sem, escândalos, constituiu uma das notas dominantes do temperamento tobiano. Mas, a Tobias não se pode considerar um pilheriador irresponsável, um mero contador de anedotas picarescas, um maldizente engraçado. Sua veia satírica cedo se encheu de um conteúdo social que lhe transmitiu a consistência de um instrumento de ação crítica, ferindo aspectos que o traço cortante e breve do humor ou do sarcasmo, melhor que outro qualquer recurso, evidenciava. As tenazes de sua improvisação satírica não pegavam coisas ou pessoas sem importância, porém costumes, instituições e personagens, dominantes no cenário social e a cuja sombra ele se pudera ter acolhido.