Tavares Bastos (Aureliano Cândido): 1839-1875

para mostrar como o futuro autor das Flores Sylvestres soube melhor interpretar os quadros da vida simples e versar os temas de escravidão, dando-lhes linguagem adequada, despretensiosa, extreme dos artifícios literários, tão ao sabor da época.

Assim escreve o estudante alagoano: "Ambos estes jovens talentos, desgostosos do acanhado circulo a que se havia restringido a poesia brasileira, que um passo seguro não adiantou em progresso desde o Uruguay de Basilio da Gama, não obstante os subidos esforços de alguns contemporaneos, ambos eles foram colher em um campo distincto do até hoje tão respigado; ambos forcejam por descrever scenas da patria, com as côres proprias suas, que o Sr. Trajano, primeiro no Brasil, empregara no Calhambola e outras odes. Mas entre os dois poetas meia a notavel differença que vae entre Pindaro e os Homeridas, entre Victor Hugo e Beranger. E na verdade o autor da Calhambola apresenta o inculto africano com tal arroubo lyrico, uma linguagem tão sublimada de imagens e tão castiçamente portugueza que mais parece a do homem culto, que é quasi inverosimil, como aquelle discurso que Tacito põe na boca de Galgacus, o barbaro deputado ao Senado

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