Tavares Bastos (Aureliano Cândido): 1839-1875

ciência aí estão, eloquentes e abundantes. É o que Duhamel denominou de inhumaine précocité des mathematiciens, e acrescenta que, para construir um universo puramente matemático, não se torna necessário ter vivido, nem sobretudo ter sofrido.

E numa boutade graciosa, conclui o ilustre escritor: "Que Pascal enfant, enfermé dans une chambre, retrouve, seul, les premiers théorèmes de la géometrie, voilà qui ne me surprend pas: une abeille ouvrière, cette bestiole miserable asexuée, construit à la perfection l'alvéole hexagonal, merveille de géometrie".

Se o gênio matemático é um gênio matinal e por isso mesmo podendo esgotar-se muito cedo; o gênio político, ao contrário, exige certa maturidade, a colaboração passiva do tempo, o contato severo com a vida e mesmo com o sofrimento.

Somente do trato contínuo da coisa pública vem a familiaridade técnica dos problemas e a sutil compreensão do seu alcance. E é da própria realidade, fragmentária e medíocre, de cada dia, que a imaginação parte, refugindo às abstrações perigosas, para o plano das grandes construções políticas.

A precocidade nesses casos reveste-se sempre de excepcional significação. Tavares Bastos foi sem dúvida no Brasil o fenômeno mais interessante.

Os formadores da nacionalidade - de um José Bonifacio a um Bernardo de Vasconcellos - todos conheceram a madureza, e tiveram na plenitude do gênio responsabilidades históricas, ao calor de cuja revelação

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