o material para a feitura deste livro. Preferimos investigar, através da leitura das atas dos dois municípios, os movimentos progressivos, a mobilidade ambiente dos grupos sociais, o fenômeno evolutivo da sociedade em formação, o potencial de sua existência orgânica. E não nos deixamos arrastar na corrente impetuosa da adivinhação histórica.
Por isso, perlustramos os historiógrafos e os historiadores do primeiro século da colonização portuguesa. Em seguida coordenamos o material pesquisado nas vereanças das vilas ramalheana e nobreguense. Surpreendemos nesse documentário precioso o labutar quotidiano, suado e sofrido, desses homens rudes, sobranceiros e ousados. Reflete-se, no foco da consciência coletiva dessas vidas trabalhadas e obscuras, a convergência dos esforços destinados a realizar, em nossa terra, a unidade política, com a mesma religião, a mesma língua e as mesmas leis, na integridade territorial da Pátria. Perfila-se aí a figura heráldica de João Ramalho, o patriarca dos Bandeirantes, recortada pela ação decisiva do tempo, no aço fino de uma gravura da Renascença. Representa ele a mais alta autoridade, civil e militar, do altiplano, por onde se dilata a sua jurisdição outorgada por Martim Afonso de Sousa, Tomé de Sousa e Mem de Sá. E ei-lo no desempenho eficiente de seu mandato, enobrecendo-o.
Fundador da vila de Santo André da Borda do Campo, João Ramalho dá-lhe organização jurídica, em conformidade com as normas do direito. E procura estabelecer, nesses primórdios da vida civilizada no planalto, a distribuição da justiça, a disciplina social e a estrutura do município brasileiro, como prolongamento do conselho português.
Todavia, destaca-se no primeiro plano deste ensaio, vitorioso e vivo, o elemento humano, cujo primado irrompe, com sinergia, no alto relevo dos fatos