CAPÍTULO I
A AMÉRICA ESPANHOLA E A AMÉRICA PORTUGUESA
A América do Sul, depois da Segunda Guerra Mundial, adquiriu maior importância na política internacional. O rápido desenvolvimento da indústria delineou mais claramente o futuro econômico que territórios imensos, ricos em matérias-primas, prometem a certos países sul-americanos, e o decréscimo da mortalidade, em face de uma natalidade que se mantém excepcionalmente alta, faz do conjunto dos países ibero-americanos a zona de crescimento demográfico mais rápido do mundo. Enfim, antes mesmo que essas perspectivas de poderio econômico e demográfico se tenham plenamente convertido em realidade, a conjuntura internacional criou para os povos da América Ibérica uma influência política com que, doravante, terão de contar as nações mais poderosas.
Com efeito, as nações ibero-americanas formam, nos conselhos das Nações Unidas e das organizações especializadas, um bloco regional numeroso e relativamente distanciado das exaltadas correntes internacionais. Isto porque o desmembramento político da América Ibérica lhe dá grande autoridade internacional, de vez que, depois da estreita união do grupo árabe-asiático, não surgiu, nas organizações internacionais, outro instrumento de arbitragem.
A Europa, e principalmente os E.U.A., tiveram de considerar o papel atual e futuro da América Ibérica e esforçar-se por compreendê-la. Apesar de uma documentação cada dia mais abundante e mais precisa, os europeus e os americanos do norte têm dificuldade em bem conhecer a América do Sul - à qual unem comumente a América Central - porque se deixam levar pela tendência de considerá-la uma unidade cultural, tendência simplista que deforma as perspectivas.