Uma comunidade amazônica: o estudo do homem nos trópicos

o cuidado de não se estudar apenas fortalecendo o statu quo. Para evitar esse perigo, os planejadores de tais programas devem estudar o sistema das sociedades em foco e das funções e necessidades dos vários grupos que, reunidos, formam a sociedade. Só assim poderão esses programas "aumentar a produtividade dos recursos materiais e humanos, e a ampla e equitativa distribuição dessa maior produtividade, de forma a contribuir para a elevação do padrão de vida de populações inteiras".(34) Nota do Autor

As transformações deverão chegar, e inevitavelmente chegarão, à região amazônica e outras áreas semelhantes. Os antropólogos sociais discutiram muitas vezes a "relatividade cultural". Salientaram que o progresso, o bem e o mal, o êxito e o fracasso, a beleza e a feiura são valores relativos à cultura determinada em que se encontram. É difícil, dizem eles, julgar se um modo de vida é superior ou inferior a outro. Um povo, como o hindu, dá um grande valor ao desenvolvimento da investigação religiosa e filosófica; outro dá mais valor à técnica, como na Europa e nos Estados Unidos. Esse ponto de vista está certo quando nos ensina a compreender, respeitar e tolerar os modos de vida de outrem. Entretanto, quando uma cultura, em vista da falta de equipamento técnico e por motivos de organização social, deixa de prover às necessidades materiais do homem, além do mínimo indispensável à sua subsistência, essa cultura e essa sociedade terão que ser consideradas inferiores.

A transformação é indicada nessas sociedades tecnicamente inferiores. Isto não implica, naturalmente, na obliteração de um modo de vida ou no passado em

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