São Vicente e as capitanias do Sul - As Origens (1501-1531)

de volta do Prata. Perguntado se os índios com quem se houvera comiam carne humana, respondeu o general que antigamente costumavam em Santa Catarina devorar os prisioneiros de guerra, entretanto, Enrique Montes conseguira demovê-los da atroz prática.

O português, antigo embarcadiço de Solis, era indubitavelmente indivíduo de qualidades excepcionais. Poderia, como procediam muitos europeus nas mesmas condições que ele, fechar os olhos sobre os horrores do canibalismo, por comodidade ou temor de desagradar aos hóspedes. Não se arreceou, contudo, em se esforçar por lhes coibir a ancestral antropofagia, do mesmo modo como depois impediria a brancos, não menos ferozes e muito mais culpados por não desfrutarem as mesmas atenuantes do silvícola, matassem à traição o inditoso D. Rodrigo de Acurva quando desarvorado e faminto veio ter a Santa Catarina. Além disso o seu conhecimento do índio e da região o colocavam na primeira plana dos que podiam informar as expedições de passagem. Instou por esse motivo o capitão-general para que o acompanhasse ao Rio da Prata, como sucedeu embarcado, na suposição de Medina, Enrique Montes com a sua família mameluca na flotilha rumo ao sul.

A suposição do historiador chileno fundou-se nos termos do depoimento de Caboto de torna-viagem a Sevilha "Esto se deduce, a nuestro entender, de las siguientes palabras de Caboto en su declaración prestada ante los Oficiais Reales: ´Que los dejó encomendados (Roías, Mendés y Rodas) à un indio principal que se llama Topavera, diciéndole que porque Enrique Montes, lengua, que había estado en aquella tierra catorce años, é que eran sus parientes, que los tratasse bien fasta su vuelta, porque los dejaba en trueque del dicho Enrique Montes é de su gente`. Se referia con esto Caboto a la familia de Montes ó á los desertores

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