São Vicente e as capitanias do Sul - As Origens (1501-1531)

De volta a Santa Catarina e depois na escala de São Vicente, não pôde Caboto embarcar os tripulantes que ali deixara por estes preferirem viajar em companhia de Garcia, tal o ódio que votavam ao antigo superior. Não se esquecia o clérigo Garcia, capelão da flotilha cabotiana, dos maus momentos por ele e companheiros curtidos entre os índios no Porto dos Patos onde o general os abandonara. A despeito dos esforços de Enrique Montes, ou por causa da sua ausência, continuavam os silvícolas a devorar carne humana. Assegurava o castelhano que vira "tener en sus casas las piernas de los hombres asadas para come", espetáculo horrível para um cristão.

Diogo Garcia, pelo fato de ser desafeto do veneziano, viu-se procurado pelos que participavam da mesma animosidade. Em São Vicente acolheu a Rojas e companheiros, além de procurar cumprir um dos itens do seu contrato com os armadores da expedição. Consistia em procurar a Juan de Carthagena e um clérigo deixados à guisa de castigo por Fernão de Magalhães não se sabe bem em que sítio da América do Sul. Nas notícias da viagem ao Pacífico há alusão à costa da Patagônia, outras, porém, aludem "à las espaldas del Brasil", as quais sugerem desterro na Guanabara, único ponto brasileiro em que esteve o mercenário. Caso este pormenor se confirme e realmente tenha sido o degredo no Rio de Janeiro, o fato assumiria extrema importância, pois qualquer branco presente no litoral, nessa época, alcança vulto extraordinário na história local. Entretanto, não nos trazem os relatos da viagem informações mais circunstanciadas, de sorte a acreditarmos ter sido ao sul do Prata que se deu o desembarque dos punidos que lá desapareceram. De outro modo constaria a sua presença nos relatórios redigidos

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