do oceano, a muitas léguas de distância. Quer-nos parecer, se bem fale o cosmógrafo em casas de pedra, que a torre não passaria de simples jirau como os reproduzidos nas estampas de Plante, apud Franz Post, de onde se podia avistar de longe quem se aproximava.
Nas vizinhanças derrubavam matas, arroteavam lavouras, levantavam moinhos de mandioca, ajudados pelo índio manso que seria colaborador como Sexta-Feira o foi para Robinson Crusõe. Precisavam igualmente, como sucedia ao colono romano, não perder de vista as armas quando se encontravam no campo, na ferraria, semelhante à de Enrique Montes em Santa Catarina ou no estaleiro dos bergantins, perto de matas onde rondavam feras e índios adversos. Situado o arraial na confluência dos domínios de Portugal e Castela, sobremodo convinha a Martim Afonso como atalaia avançada do sul. Outro motivo eram as boas avenças dos habitantes brancos do lugar com os principais índios das praias e de serra-acima.
João Ramalho era dos que mais conheciam as paragens além das várzeas de São Vicente. Ligara-se por laços de parentesco com o chefe indígena, que não seria desrazoado admitir fosse o Rei de que fala o Diário de Pero Lopes de Sousa. O fato de ele ser agente dos cativos de guerra negociados com Diogo Garcia e outros reinóis de passagem, milita a favor da hipótese. Nesse caso, a ser verdadeira esta situação, tudo leva a crer já frequentemente estivesse, por volta de 1530, o português no planalto em contato com os parentes por afinidade, acaso não morasse junto da sua tribo e descesse a São Vicente apenas a negócios, quando lá apareciam expedições. De qualquer maneira, estava familiarizado com o caminho da serra e com os principais índios do campo, em condições de prestar pelas circunstâncias