O ESPÍRITO E A MATÉRIA
No momento em que Duarte Coelho se viu forçado a abandonar a capitania para implorar auxílio del-rei, cumpria-lhe haver-se com novo sacrifício depois de tantos que já padecera. O governo português naufragava nas maiores dificuldades financeiras, desprovido de recursos que lhe permitissem amparar a atividade dos súditos. Em vão apresentariam a melhor fé de ofício de serviços prestados na Europa, Ásia, África ou América. Embalde procurariam valer-se das melhores recomendações, e padrinhos imagináveis, pouco ou nada receberiam das anêmicas arcas do tesouro. Vedores e conselheiros já se tinham acostumado no alcácer real, a se defenderem de todos os modos da legião de pedintes assediando-lhes as portas. Nas antecâmaras de Lisboa ou Almeirim, registrava-se, mais do que em qualquer outra corte, a tragicomédia dos candidatos a favores, acercando-se obstinadamente dos governantes, enquanto estes procuravam desanimá-los pela má vontade e inércia.
Podemos avaliar o doloroso fadário do veterano, quando abandonou a obra que iniciara, e os seus