amigos e parentes ameaçados por mil perigos, para juntar-se à multidão de pretendentes que se comprimia nos paços reais. O travo ressentido da situação devia ter concorrido para amargar ainda mais os dias que lhe restavam. Pouco depois de chegar à pátria morria Duarte Coelho, o fundador de Pernambuco, que não teve para repouso de seus restos senão a sepultura de um parente oferecida por caridade. Não sabemos se com o desenlace pôde o donatário atrair as vistas do governo para a capitania, ou se ficaram sem eco os seus rogos, como tantos outros, perdidos nos escaninhos oficiais. Só conhecemos a carta escrita em 1555 pelo cunhado Jerónimo de Albuquerque a D. João III, informando que as ruinosas hostilidades dos selvagens perduravam havia dois anos, reduzindo a família de Duarte Coelho, e os que dela dependiam, às mais duras privações.
Os trabalhos dos portugueses na terra deviam forçosamente despertar o antagonismo do índio. Não aparecia mais o reinícola em Pernambuco como infeliz náufrago ou desertor, isolado numa tribo no espaço de 1500 a 1530. Dissipara-se para todo o sempre o simbólico personagem da nossa proto-histórica, agora que o duartino pretendia fruir o território, não só para se alimentar como para se enriquecer. A derrubada da mata nas regiões ao seu alcance, e outras medidas preparatórias ao estabelecimento dos brancos, eram acompanhadas de