Para os jesuítas todas as cousas são criaturas de Deus, e perante o direito natural, que não é senão a parte da ordenação divina que se refere aos homens - todos eles são iguais por natureza, sejam índios, sejam reis e imperadores. As diferenças existentes na sociedade são arbitrárias, impostas pelos homens, e ilusórias como a obra humana. Desapareciam, pois, com a sua doutrina, os efeitos da "predestinação", que entre alguns protestantes justificava a condição servil do proletariado europeu e a do gentio colonial. Ao inaciano surgia o aborígene semelhante aos outros homens, apenas em estado de inferioridade pela sua condição, digno, porém, do amor e solicitude dos ministros de Deus, da mesma forma que os governadores, soldados ou lavradores brancos da colônia. As missões destinadas aos estabelecimentos ultramarinos pretendiam converter pagãos e corrigir os europeus que os governavam. Era a disciplina moral que depois da guerreira propiciava o florescimento, no litoral e no interior das colônias, da obra jesuítica, incomparavelmente acima da sua época, graças ao emprego de processos semelhantes às mais ousadas experiências sociais da nossa era.
Antes de atravessar o equador, tinham os padres adquirido o tirocínio na Europa, mesmo às portas de Roma, onde massas proletárias recaiam no paganismo, confundindo santos da Igreja com deuses antigos. Serviam igualmente os jesuítas de exemplo, em todos