As causas, a marcha desta epidemia, vão minuciosamente descritas na parte do médico, a qual acompanha esta exposição.
A progressão crescente da enfermidade foi assustadora. No dia 19, de contínuo tiroteio, os atacados da epidemia eram já em número estraordinário: as vítimas em poucas horas pereciam no meio de dores cruéis, chegando a ser sumamente difícil o transporte dos doentes de pouso a pouso, apesar de marchas, muitas vezes, de menos de meia légua.
A 20, o fogo inimigo durou desde a manhã até as quatro horas da tarde, respondido vigorosamente pelos nossos que então lutavam com o cólera, com a fome e com o excesso de cansaço proveniente do serviço da guerra agravado pela necessidade em carregarem os seus companheiros, visto como, a boiada dos carros que se iam carneando, obrigava a queimar aquele meio de condução. Nessas penosas contingências marchou a força debaixo de chuvas repetidas durante os dias 21, 22, 23, 24 e 25 em que chegou ao córrego Prata a três léguas e meia do Jardim. Então o número de enfermos era tal que literalmente metade da força era empregada em carregá-los, pois que, cada padiola ocupava oito homens em sua condução. O descontentamento e fadiga da soldadesca eram evidentes.
Os sãos, depois de poucas marchas, caíam exaustos pelo cansaço, aos golpes da moléstia; e o estado geral reclamava uma pronta solução.
O coronel Camisão tomou então uma medida de que dependia a salvação do resto da força, medida cuja execução foi horrorosa, e custou-nos momentos angustiosos e cruéis.
A 26, ficaram abandonados 76 moribundos, os quais, apenas moveu-se a força, foram degolados pelos paraguaios, que nos seguiram sempre em certa distância.
Cena medonha que fica indelevelmente marcada no espírito daqueles que ouviram os gritos dos míseros coléricos!
Quadro horroroso que a sorte adversa nos proporcionou, na mais extraordinária colisão!(36) Nota do Autor