O Visconde de Abaeté

já não darão lucro ao lavrador cançado; as fabricas sem materias primas para laborarem, nem se poderão erigir e nem depois de erectas poderão aguentar-se; o artista desanimado e empobrecido fugirá de um país, que por fruto de seu trabalho e indústria apenas lhe dará a indigência e a miséria, e o convite dos estrangeiros será para que venham tomar parte em nossa desgraça; todos emigrarão de uma terra contra a qual parece haver-se fulminado um anathema terrível; e estancadas assim as três fontes de riqueza nacional: a agricultura desanimada e sem braços, o commercio extincto, e a indústria amortecida nos fará voltar ao opressivo e detestável estado de colônia".

Ante tão sombria perspectiva, deliberou a Câmara enviar uma representação ao Regente para que não deixasse o Brasil, a qual foi redigida por Limpo de Abreu e cujos principais fragmentos foram acima transcritos.

Achava-se ela já concluída para ser remetida ao competente destino, quando chegou a notícia do "Fico".

Para mostrar ao governo provisional a espontaneidade da resolução, foi deliberado enviar-se-lhe a representação para o conhecimento de seu contendo.

Enquanto isto, uma série de anormalidades iam ocorrendo no mesmo Governo.

Com o intuito de não criar dificuldades ao seu incipiente reinado, tinha o Regente reconhecido o Governo formado aos 20 de setembro.

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