História social do Brasil - Espírito da sociedade colonial - Tomo I

desnecessárias", acrescenta Vilhena (7) Nota do Autor. O largo saguão os reunia: uma escada ampla levava – subindo – à soleira do fidalgo; uma poterna escusa abria para a escada de pedra que – descendo – conduzia aos socavões dos pretos. Os seus respiradouros eram gradeados, os seus quartos eram cárceres, a sua umidade era doentia. Em cima respirava-se o ar coado pelas rótulas encruzadas, cujos crivos entremostravam a paisagem cheia de sol; em baixo, a vida era abafada e silenciosa, embutida na penumbra, ajustada à treva, necessariamente coincidente com a resignação e a estupidez do homem que nascera cativo.

O gosto de possuir escravos, e, na proporção deles, apresentar o volume da sua fortuna, tornara a existência, assim nas cidades como nas fazendas, ociosa, suave, oriental (8) Nota do Autor. O negro não era somente capital, braço, indústria; era título, "situação", dignidade. Pela quantidade de criados se media a importância dos colonos; naturalmente pela sua inatividade – quando o trabalho era ocupação

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