desterro previstos nas Ordenações, sobretudo por judaísmo, não se pedia contas de procedência e conduta, numa terra inundada de escravos: a sua tez era recomendação, a sua alvura qualidade. "Os que vivem nas Índias não têm menos arrogância quando consideram que têm o sublime mérito de serem, como dizem, homens de casta branca" – escreveu Montesquieu. Seria impossível a estratificação de uma aristocracia histórica naquele ambiente irreparavelmente desnivelado; mas se criou uma distinção profunda de castas – com a sua razão étnica, do pigmento, e a sua lógica social – de camadas superpostas.
Justamente o diz o autor dos Diálogos das Grandezas (12) Nota do Autor:
"... Sabemos que o Brasil se povoou primeiramente por degredados e gente de mau viver... Nisso não há dúvida. Mas deveis de saber que esses povoadores, que primeiramente vieram a povoar o Brasil, a poucos lanços, pela largueza da terra deram em ser ricos, e com a riqueza foram largando de si a ruim natureza, de que as necessidades e pobrezas que padeciam no Reino os faziam usar. E os filhos dos tais, já entronizados com a mesma riqueza e o governo da terra despiram a pele vermelha, como cobra, usando em tudo de honradíssimos termos, com se ajuntar a isto o haverem vindo depois a este Estado muitos homens nobilíssimos e fidalgos, os quais casaram nele, e se aliaram em parentesco com os da terra, em forma que se há feito entre todos uma mistura de