CARTA DE UM BACHAREL EM DIREITO AO PAI, SENHOR DE ENGENHO, QUE ACUSA A DECADÊNCIA DO PATRIARCADO RURAL NO BRASIL
Meu Pai, e Senhor. Abênção
Olinda, 15 de junho de 1844.
Recebi duas cartas de Vmce., uma escrita em maio que me foi entregue pelo Senhor Q., e outra, escrita agora em junho que me foi entregue pelo S.: nesta encomendou-me Vmce., que comprasse dez arrobas de carne, a qual remeto pelo mesmo portador, e suponho, que não será muito má; e naquela outra fala-me do negócio, que me foi oferecido o ano próximo passado, e bate com todas as forças o homem, que se sujeita ao direito; meu Pai, é impossível imaginar-se o desespero de que me acho possuído, desde que recebi esta nunca muito esquecida carta de Vmce. somente para ser lida em flagrante delito, isto é, para ser lida logo depois, que pratiquei uma ação, que era absolutamente oposta ao preceito sagrado de Vmce., sim cometi este horrendo crime, e por que cometi? Seria por ventura porque me vendesse por dinheiro? Não certamente; razões muito poderosas me obrigaram, para que cometesse semelhante crime, as quais passo a expor a Vmce. Quando me foi oferecido este casamento, eu respondi, que era do meu gosto, mas sem que consultasse a vontade de meus Pais, eu nada podia decidir, nesse ínterim fui para aí, e havendo solicitado a opinião de algumas pessoas, já que não me animei a de