não fossem as agitações de 1820-21, D. João VI não regressaria mais a Lisboa. Compelido a repatriar-se, deixara fundada a nacionalidade, que em 1822 completou, com a Independência, a sua configuração política.
A partir de 1808 a evolução brasileira se desdobrou suavemente lógica. As guerras de Napoleão enviaram-nos a dinastia. A franquia dos portos resultou imediatamente desse deslocamento. Substituído provisoriamente Portugal pelo Brasil, ganhou este todos os serviços públicos necessários à nova situação de sede da realeza. Depois, como era preciso impor os interesses portugueses na conferencia da paz, de 1815, elevou-o D. João à categoria de Reino-Unido. Voltando a Portugal, entregou-o à regência do seu filho e herdeiro, D. Pedro. Sobrevindas as desavenças entre as Cortes de Lisboa e D. Pedro, preferiu este ser imperador na América a representar na Europa um papel secundário e duvidoso. Proclamou a Independência, coroou-se como chefe soberano do novo Estado, e uniu a si as províncias brasileiras, como sucessor natural da metrópole repudiada. A solução monárquica da Independência consolidava, na antiga coesão, as regiões historicamente autônomas do país, dava-lhes uma ordem muito parecida com a anterior, obviava às crises políticas que, nos outros climas do continente, tinham fracionado os vice-reinados espanhóis. Os materiais do Império eram alegoricamente nacionalistas. Na aparência, não houvera uma revolução, mas uma definição: