Sociais da UNESCO, reuniu os seus colegas do Departamento de Ciências Sociais da Faculdade Nacional de Filosofia da Universidade do Brasil - para com eles discutir ideias e planos, concernentes à sua futura atuação naquele posto, onde, durante sua curta passagem, iria, mais uma vez, ser útil ao mundo e honrar a ciência brasileira com os frutos de sua extraordinária energia intelectual. Naquela reunião, durante a troca de ideias que se estabeleceu, sugerimos a conveniência da UNESCO pensar seriamente em tornar a América Latina e, especialmente, o Brasil, um laboratório de pesquisas sobre as relações humanas, pela natureza original das estruturas sociais existentes nesta parte do mundo, repletas de situações e de problemas de interesse científico universal, que se ofereciam ao estudo em condições que talvez hoje não encontrem semelhança em nenhuma parte da terra.
Essas estruturas se caracterizam, segundo pensamos e naquela ocasião dissemos, pela coexistência, na fase de transição já longa e penosa que atravessam, de problemas comuns às sociedades capitalistas desenvolvidas, lado a lado com problemas típicos de estruturas agrárias atrasadas, que lembram situações pelas quais outros países já passaram há um ou mais séculos atrás. Em consequência disso, o aspecto, às vezes dramático, que esses países oferecem à observação do sociólogo é o de organismos que, não somente na superfície mas na própria base e no próprio plano estrutural de seu arcabouço, participam simultâneamente de duas épocas, de dois estilos históricos, quase diríamos, de dois mundos. De fato - e disso o Brasil é expressivo exemplo - o que principalmente caracteriza sua estrutura de sociedade não é somente a sobrevivência do passado, com que se topa a cada passo, nem sàmente o avanço para o futuro, cujos sinais objetivos se impõem à observação de qualquer um.. É antes, e acima de tudo, a coexistência desses dois mundos