Um diplomata do Império - Barão da Ponte Ribeiro

ele como agente secreto em Lisboa, não havia razão de o ministro escrever como escrevera, quer em relação ao fim da missão, quer também quanto ao pagamento do "vencimento do seu ordenado", apenas, por mais oito meses. O mesmo se pode inferir da questão das passagens, que não teria ocorrido se Duarte ainda fosse agente do governo imperial, embora em caráter secreto. E, além de tudo, não havia necessidade de agente secreto, unicamente para conhecer a tendência do governo de D. Miguel. Esta tendência, em 1828, era mais que sabida.(23) Nota do Autor

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De todos os países que perlustrou, representando o Brasil, trouxe Ponte Ribeiro sempre, sobre os mais variados assuntos, minuciosas memórias ou, ao menos, notícias interessantes. A Espanha, porém, foi exceção. Longe de se encontrar atualmente no seu arquivo aquela quantidade de papéis, repletos de sua letra pachorrenta e deselegante, apenas uma folha existe sobre a Espanha, onde se não lê descrição de lugares, de caminhos, de igrejas, de revoltas, de povos primitivos ou de instituições políticas, mas, sim, uma pilhéria, talvez para que sempre se recordasse ele do ministro Salmon.

Este papel, escrito de seu próprio punho, tem à guisa de título o seguinte cabeçalho: "Caráter dos Espanhóis segundo as Províncias". Vêm em primeiro lugar as duas Castelas, Nova e Velha, onde se comparam os homens aos gatos e às galinhas as mulheres. Segue-se a Mancha em condições piores, pois aí os homens são feras e as mulheres serpentes. Em terceiro está

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