Um diplomata do Império - Barão da Ponte Ribeiro

som de rebate geral e anotara desde 19: "Não é possível descrever a confusão e o terror pânico em que ficou este povo, julgando-se já entregue aos índios selvagens, como o governo lhe faz acreditar."(35) Nota do Autor

O terror em que se viveu então aqueles dias de abril e maio de 1829, um grande historiador argentino descreveu-o assim, com as mesmas cores lúgubres: ´Del sábado 25 al lunes 27 de abril, Buenos Aires es un campamento, y nadie duerme en la ciudad conmovida por intermitentes toques de generala. Em 20 de mayo corre la voz de que las milicias rositas están a las puertas de Buenos Aires y todo se paraliza; se cierran los comercios, la gente se esconde en sus casas y la misma Gaceta Mercantil sale con sólo medio pliego, abandonada la composición por los tipógrafos poseídos del pánico general.`(36) Nota do Autor

A paisagem da cidade amesquinhava-se diante da anarquia que obumbrava os horizontes, reduzindo e delimitando a perspectiva àquelas cenas que se desenrolavam na campanha, recontadas por todos com pavor. Para o viajante que descortinava pela primeira vez o cenário escuro e espesso que a anarquia construíra, o principal a fixar não era a natureza esmorecida, mas aqueles lances revolucionários, tão típicos, de gaúchos e índios, levados pelos seus chefes carismáticos a cruzar as armas com os generais e soldados, hábeis e disciplinados, que voltavam de uma guerra.

Ponte Ribeiro, em alguns ofícios, descreve então os momentos decisivos daquele processo histórico em ebulição, com a maestria e técnica de quem não tivesse feito outra coisa na vida a não ser tratar de revoluções. Ninguém dirá, lendo hoje aqueles ofícios, que são frutos do primeiro contato que o diplomata brasileiro teve com a política platina. São dignos de especialista

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