D. Pedro II e o Conde de Gobineau (correspondências inéditas)

por esta ideia que há cousas e momentos na vida ante os quais todos os interesses de raciocínio, de apreciação, de previsão cessam e tornam tudo igualmente indiferente. Hoje só posso exprimir ao Imperador minha gratidão por todas as delicadezas com que me tem constantemente cumulado, por sua indulgência, por sua lembrança da qual as suas cartas me trazem de uma maneira tão delicada para mim, a preciosa expressão; eu não posso senão falar-lhe de minha afeição inviolável pela Imperatriz e por Si, afeição que me une profundamente a todas as mágoas de sua augusta casa, e lhe pedir se digne ver aqui o testemunho do mais profundo e inteiro respeito com os quais sou, Senhor, de Vossa Majestade Imperial, o mais dedicado e atento servidor.

***

Gobineau a D. Pedro II

Paris, 22 de março de 1871.

Majestade,

A Senhora condessa de Barral entregou-me ontem à noite a carta de Vossa Majestade datada de 25 de fevereiro. Obedecendo ao Imperador não tocarei mais no assunto.

A singular convulsão que tomou a cidade de Paris ainda continua. Os amotinadores, senhores absolutos da situação, e não tendo podido esquentar a imaginação com suficientes pretextos para violências, não sabem o que fazer; o governo por sua vez não sabe também como agir, e o que chamamos a população honesta (não

D. Pedro II e o Conde de Gobineau (correspondências inéditas) - Página 45 - Thumb Visualização
Formato
Texto